Educação do Campo: caminhos a percorrer
Hélio Márcio Gonçalves da Silva*
“O discurso da globalização que fala da ética esconde, porém, que sua é a ética do mercado e não a ética universal do ser humano, pela qual devemos lutar bravamente se optamos, na verdade, por um mundo de gente.” Paulo Freire.
Falar sobre educação do Campo é acima de tudo fazer ressoarem as milhares de vozes camponesas que gritam e lutam na defesa e na resistência do Campo como espaço de vida e de cultura. De vida porque, mais do que simplesmente estarem no seu lócus, os Povos do Campo vivenciam a concepção de agricultura mais radical possível, a de cultivo com o cuidado da terra. Nesta forma de ver e se situar o camponês “afaga” a Terra, invertendo uma lógica tão perversa, e ao mesmo tempo tão comum, a da exploração unilateral, que gera o desequilíbrio ecológico e a quebra dos laços de “filiação” a “Mãe Terra”. Por outro lado, temos um espaço de cultura firmado também na resistência à massificação promovida pelos MCS embalados pela mídia mercadológica que teima em apresentar um plano desfigurante do ser humano, ridicularizando-o e sexualizando-o como um objeto de consumo barato. O campo como espaço de cultura camponesa se volta para sedimentação de valores humanos forjados na solidariedade do grupo social representada nos mutirões, nas cantigas de trabalho, nas casas de farinha e nas outras formas de produção e criação coletivas. Como diz Cândido (2001), o caipira, acostumado às dificuldades proporcionadas pelo modelo colonizatório, encontra em seu meio social, as formas solidárias de vencer as dificuldades. Todos esses aspectos abordados, tanto o produtivo, como os culturais, se caracterizam como elementos basilares para um projeto de quem almeja uma Escola do Campo com a qualidade e o perfil dos homens, mulheres e jovens camponeses.
“Quando situamos a escola no horizonte dos direitos, temos de lembrar que os direitos representam sujeitos-sujeitos de direitos, não direitos abstratos-, que a escola, a educação básica tem de se propor tratar o homem, a mulher, a criança, o jovem do campo como sujeitos de direitos. Como sujeitos de história, de lutas, como sujeitos de intervenção, como alguém que constrói, que está participando de um projeto social. Por isso a escola do campo tem de levar em conta a história de cada educando e das lutas do campo.”(ARROYO, 2004, p.74)
As Escolas do Campo nascem da história de luta dos que entendem a educação como elemento de direito, este por sua vez negado historicamente pelo Estado Brasileiro que não considerou a especificidade do campo em suas agendas de políticas públicas. Ainda, infelizmente é muito comum ouvir conversas do tipo, “para a escolinha da roça qualquer coisa serve, eles nunca tiveram nada mesmo”. Tal fala, simboliza o cúmulo da negação da cidadania. Todo projeto de Educação do Campo que nasce da resposta a está negação, terá que espelhar o que elencam as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo (RESOLUÇÃO CNE/CEB), de 3 de Abril de 2002) sendo:
Art. 4º“(...) expressão do trabalho compartilhado de todos os setores comprometidos com a universalização da educação escolar com qualidade social,(...) num espaço público de investigação e articulação de experiências e estudos direcionados para o mundo do trabalho, bem como para o desenvolvimento social, economicamente justo e ecologicamente sustentável.”
Ou seja, expressando uma proposta viável e atual de Cooperação, instrumentalizada por uma Pedagogia própria entendida como jeito de proporcionar a formação do ser humano, “identificando algumas práticas ou vivências fundamentais neste processo de humanização das pessoas, que também chamamos de educação”.(CALDART, 2004, p.98). E ainda:
Hélio Márcio Gonçalves da Silva*
“O discurso da globalização que fala da ética esconde, porém, que sua é a ética do mercado e não a ética universal do ser humano, pela qual devemos lutar bravamente se optamos, na verdade, por um mundo de gente.” Paulo Freire.
Falar sobre educação do Campo é acima de tudo fazer ressoarem as milhares de vozes camponesas que gritam e lutam na defesa e na resistência do Campo como espaço de vida e de cultura. De vida porque, mais do que simplesmente estarem no seu lócus, os Povos do Campo vivenciam a concepção de agricultura mais radical possível, a de cultivo com o cuidado da terra. Nesta forma de ver e se situar o camponês “afaga” a Terra, invertendo uma lógica tão perversa, e ao mesmo tempo tão comum, a da exploração unilateral, que gera o desequilíbrio ecológico e a quebra dos laços de “filiação” a “Mãe Terra”. Por outro lado, temos um espaço de cultura firmado também na resistência à massificação promovida pelos MCS embalados pela mídia mercadológica que teima em apresentar um plano desfigurante do ser humano, ridicularizando-o e sexualizando-o como um objeto de consumo barato. O campo como espaço de cultura camponesa se volta para sedimentação de valores humanos forjados na solidariedade do grupo social representada nos mutirões, nas cantigas de trabalho, nas casas de farinha e nas outras formas de produção e criação coletivas. Como diz Cândido (2001), o caipira, acostumado às dificuldades proporcionadas pelo modelo colonizatório, encontra em seu meio social, as formas solidárias de vencer as dificuldades. Todos esses aspectos abordados, tanto o produtivo, como os culturais, se caracterizam como elementos basilares para um projeto de quem almeja uma Escola do Campo com a qualidade e o perfil dos homens, mulheres e jovens camponeses.
“Quando situamos a escola no horizonte dos direitos, temos de lembrar que os direitos representam sujeitos-sujeitos de direitos, não direitos abstratos-, que a escola, a educação básica tem de se propor tratar o homem, a mulher, a criança, o jovem do campo como sujeitos de direitos. Como sujeitos de história, de lutas, como sujeitos de intervenção, como alguém que constrói, que está participando de um projeto social. Por isso a escola do campo tem de levar em conta a história de cada educando e das lutas do campo.”(ARROYO, 2004, p.74)
As Escolas do Campo nascem da história de luta dos que entendem a educação como elemento de direito, este por sua vez negado historicamente pelo Estado Brasileiro que não considerou a especificidade do campo em suas agendas de políticas públicas. Ainda, infelizmente é muito comum ouvir conversas do tipo, “para a escolinha da roça qualquer coisa serve, eles nunca tiveram nada mesmo”. Tal fala, simboliza o cúmulo da negação da cidadania. Todo projeto de Educação do Campo que nasce da resposta a está negação, terá que espelhar o que elencam as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo (RESOLUÇÃO CNE/CEB), de 3 de Abril de 2002) sendo:
Art. 4º“(...) expressão do trabalho compartilhado de todos os setores comprometidos com a universalização da educação escolar com qualidade social,(...) num espaço público de investigação e articulação de experiências e estudos direcionados para o mundo do trabalho, bem como para o desenvolvimento social, economicamente justo e ecologicamente sustentável.”
Ou seja, expressando uma proposta viável e atual de Cooperação, instrumentalizada por uma Pedagogia própria entendida como jeito de proporcionar a formação do ser humano, “identificando algumas práticas ou vivências fundamentais neste processo de humanização das pessoas, que também chamamos de educação”.(CALDART, 2004, p.98). E ainda:
“a educação para a cooperação e solidariedade deve então, ser pensada em seu processo, no conjunto dos elementos que compõe o processo educativo, modificando o enfoque das relações estabelecidas, para que os sujeitos possam firmar-se no interior dos grupos pelo reconhecimento e valorização dos princípios da cooperação e da solidariedade”.(BOFF, 2004, p.128).
Pensar e apresentar um programa educacional que enfoque e enfatize a solidariedade e as relações de cooperação, requer pensar também nos contextos econômicos que estão inseridos os sujeitos da Educação do Campo (p.128). Daí surge a pergunta, qual seria o “campo” da Educação do Campo? O “campo” da vida ou o “campo” da exploração, o “campo” da agricultura familiar ou do agro-negócio capitalista? Sem dúvida alguma o que a luta histórica dos Movimentos Sociais do Campo vem demonstrando, é que o modelo de exploração econômica até agora vivido no Brasil, só trouxe o atraso nas relações sociais e o subdesenvolvimento. A exemplo disso, vivemos neste momento, a prova mais explicita da insegurança gerada pelo processo globalizatório na dita “agricultura empresarial”, vivenciada no modelo que se demonstra insustentável pelas mínimas variações cambiais do mercado internacional.
          Outro elemento que suscita o pensar sobre o projeto em construção de Educação do Campo, é o modelo consumista que não poupa a população camponesa. Somente com a postura cooperativa da educação poderemos superar o caráter consumista do processo operacional de nossas escolas do Campo. Lembro-me de uma situação um tanto quanto constrangedora e ao mesmo tempo pedagógica ocorrida em uma “escolinha”de um assentamento. Em uma das mais significativas festas da comunidade/escola, a diretora veio a público pedir desculpas, pois o frango “de granja” congelado e comprado no supermercado não estava bem assado devido a falta de gás. Situação que merece uma  dupla reflexão pelos responsáveis de aplicação do Projeto Político Pedagógico na Escola. Em primeiro lugar, não bastaria dizer que a escola do campo é o centro comunitário e social dos Povos do Campo, se ela não cumprisse o seu papel de organização e motivação dos elementos de sociabilidade tais como o mutirão, já citado anteriormente, fazendo com que todos pudessem contribuir para a efetivação da “festa”. O outro aspecto seria o aproveitamento de situações problemas para trazer a tona os conhecimentos tradicionais da cultura campesina, fazendo uma interação com os conhecimentos universais, já destacados nos parâmetros curriculares. Um exemplo disso seria o mutirão para a arrecadação das “prendas” e a construção do forno a lenha comunitário, todos eles enriquecidos pelos professores de ciências sociais, matemáticas, biológicas, químicas, etc... Tudo isso para demonstrar o potencial cooperativo que o campo pode proporcionar ao modelo de educação. Nos versos do camponês esta experiência se traduz:
Para decifrar a Terra e seus recursos naturais.
Os valores culturais que o tempo não desfez.
O saber do camponês, o que a vida lhe ensinou,
desafia o professor para ver quem sabe mais.
Seus currículos vêem dos pais, que herdaram dos avós
dos cantos dos Rouxinóis, das plantas dos animais.
E ainda comprometendo:
Educação é cultura com expressões regionais.
Não aceitamos a postura do saber menos, ou saber mais!
Há saberes diferentes e todos são decorrentes de nossa inculturação.
Se tivermos aptidão e entendermos o Campo
Construiremos os parâmetros de uma nova Educação.
( José Santana Monte, MPA-CE)
Vale ressaltar que, um projeto assim jamais cumpriria seus objetivos sem uma proposta pedagógica de alternância, ou seja, reconhecendo na valorização do Tempo Comunidade/Família o espaço de aprendizagem, co-responsável e interativo com o Tempo Escola. Esta proposta pedagógica vem sendo vivida há quase três décadas no Brasil pelas Escolas-Família Agrícola (EFAs):
“De maneira geral, a Pedagogia da Alternância trabalha com a experiência concreta do aluno, com o conhecimento empírico e a troca de conhecimento com atores do sistema tradicional de educação, e também, com membros da família e da comunidade na qual vive o aluno e que podem fornecer-lhe ensinamentos sobre aquela realidade”.(MARTINS, s/d, texto cedido pela organização).
E ainda seguindo o pensamento de MARTINS (2004), o trabalho com a Pedagogia da Alternância também revela o potencial dos jovens agricultores se desenvolverem como atores de produção de conhecimento, a partir do momento que questionam sua própria realidade e detém os instrumentos para encaminhar a investigação de tais questões de maneira mais sistemática.
Diante dos aspectos apresentados, seria importante lembrar a importância da formação inicial e continuada dos sujeitos cooperadores na condução de um projeto voltado à realidade dos “Povos do Campo”. Um projeto integral de Educação do Campo não poderia deixar de contemplar as necessidades apontadas e vivenciadas nas realidades pedagógicas camponesas. Seria importante lembrar que os Movimentos ensinam, mas também estão inseridos no processo do aprendizado, o que fundamenta a atitude dialética da formação permanente. A proposta aqui apresentada visa além de tudo refletir sobre a necessária Pedagogia da Cooperação, enfatizada na Educação do Campo, buscando contribuir no aprofundamento dessa temática, favorecendo a pesquisa-ação e o envolvimento da sociedade no debate público e necessário sobre os direitos até então negados. Arroyo esclarece que no âmbito dos centros produtores do conhecimento, existe:
“O silenciamento, esquecimento e até o desinteresse sobre o rural nas pesquisas sociais e educacionais é um dado histórico que se tornava preocupante. Por que a educação da população do campo foi esquecida? Um dado que exige explicação: somente 2% das pesquisas dizem respeito a questões do campo, não chegando a 1% as que tratam especificamente da educação escolar do meio rural. O movimento por uma Educação do Campo nasceu para denunciar esse silenciamento e esquecimento por parte dos órgãos governamentais, dos núcleos de financiamento de pesquisas, dos centros de pós-graduação e dos estudiosos das questões sociais e educacionais”.(2004, p.8).
Relembramos neste momento o papel e a missão da Universidade que se engaja na tentativa desafiante de se fazer presente nesta luta, oportunizando à parcela significativa da sociedade uma maior inserção no mundo do trabalho e da ciência.Tal iniciativa demonstra o interesse da instituição em superar uma das falácias mais eficazes da ideologia neoliberal, que se esforça em convencer os prejudicados das economias submetidas de que a realidade é assim mesmo, de que não há nada a fazer, mas seguir a ordem natural dos fatos. “A grande força sobre que alicerça-se a nova rebeldia é a ética universal do ser humano e não a do mercado, insensível a todo reclamo das gentes e apenas aberta à gulodice do lucro. É a ética da solidariedade humana.”( FREIRE, 1996, p.129). Ética do desprendimento, da aceitação do novo e do diferente, acima de tudo ética do encontro com os “Povos do Campo” de um Mato Grosso muitas vezes esquecido. A Universidade no Estado de Mato Grosso deve celebrar uma aliança com este projeto. O projeto social dos trabalhadores /as, que são os fundadores e os gestores da solidariedade e da cooperação como projeto social, deve promover o desenvolvimento integral do ser humano, a conservação da natureza, a compaixão pela terra e pelo outro, a ética universal, o projeto do humanismo social.(ZART, 2004).
 
Para decifrar a Terra e seus recursos naturais.
Os valores culturais que o tempo não desfez.
O saber do camponês, o que a vida lhe ensinou,
desafia o professor para ver quem sabe mais.
Seus currículos vêem dos pais, que herdaram dos avós
dos cantos dos Rouxinóis, das plantas dos animais.
E ainda comprometendo:
Educação é cultura com expressões regionais.
Não aceitamos a postura do saber menos, ou saber mais!
Há saberes diferentes e todos são decorrentes de nossa inculturação.
Se tivermos aptidão e entendermos o Campo
Construiremos os parâmetros de uma nova Educação.
( José Santana Monte, MPA-CE)
Vale ressaltar que, um projeto assim jamais cumpriria seus objetivos sem uma proposta pedagógica de alternância, ou seja, reconhecendo na valorização do Tempo Comunidade/Família o espaço de aprendizagem, co-responsável e interativo com o Tempo Escola. Esta proposta pedagógica vem sendo vivida há quase três décadas no Brasil pelas Escolas-Família Agrícola (EFAs):
“De maneira geral, a Pedagogia da Alternância trabalha com a experiência concreta do aluno, com o conhecimento empírico e a troca de conhecimento com atores do sistema tradicional de educação, e também, com membros da família e da comunidade na qual vive o aluno e que podem fornecer-lhe ensinamentos sobre aquela realidade”.(MARTINS, s/d, texto cedido pela organização).
E ainda seguindo o pensamento de MARTINS (2004), o trabalho com a Pedagogia da Alternância também revela o potencial dos jovens agricultores se desenvolverem como atores de produção de conhecimento, a partir do momento que questionam sua própria realidade e detém os instrumentos para encaminhar a investigação de tais questões de maneira mais sistemática.
Diante dos aspectos apresentados, seria importante lembrar a importância da formação inicial e continuada dos sujeitos cooperadores na condução de um projeto voltado à realidade dos “Povos do Campo”. Um projeto integral de Educação do Campo não poderia deixar de contemplar as necessidades apontadas e vivenciadas nas realidades pedagógicas camponesas. Seria importante lembrar que os Movimentos ensinam, mas também estão inseridos no processo do aprendizado, o que fundamenta a atitude dialética da formação permanente. A proposta aqui apresentada visa além de tudo refletir sobre a necessária Pedagogia da Cooperação, enfatizada na Educação do Campo, buscando contribuir no aprofundamento dessa temática, favorecendo a pesquisa-ação e o envolvimento da sociedade no debate público e necessário sobre os direitos até então negados. Arroyo esclarece que no âmbito dos centros produtores do conhecimento, existe:
“O silenciamento, esquecimento e até o desinteresse sobre o rural nas pesquisas sociais e educacionais é um dado histórico que se tornava preocupante. Por que a educação da população do campo foi esquecida? Um dado que exige explicação: somente 2% das pesquisas dizem respeito a questões do campo, não chegando a 1% as que tratam especificamente da educação escolar do meio rural. O movimento por uma Educação do Campo nasceu para denunciar esse silenciamento e esquecimento por parte dos órgãos governamentais, dos núcleos de financiamento de pesquisas, dos centros de pós-graduação e dos estudiosos das questões sociais e educacionais”.(2004, p.8).
Relembramos neste momento o papel e a missão da Universidade que se engaja na tentativa desafiante de se fazer presente nesta luta, oportunizando à parcela significativa da sociedade uma maior inserção no mundo do trabalho e da ciência.Tal iniciativa demonstra o interesse da instituição em superar uma das falácias mais eficazes da ideologia neoliberal, que se esforça em convencer os prejudicados das economias submetidas de que a realidade é assim mesmo, de que não há nada a fazer, mas seguir a ordem natural dos fatos. “A grande força sobre que alicerça-se a nova rebeldia é a ética universal do ser humano e não a do mercado, insensível a todo reclamo das gentes e apenas aberta à gulodice do lucro. É a ética da solidariedade humana.”( FREIRE, 1996, p.129). Ética do desprendimento, da aceitação do novo e do diferente, acima de tudo ética do encontro com os “Povos do Campo” de um Mato Grosso muitas vezes esquecido. A Universidade no Estado de Mato Grosso deve celebrar uma aliança com este projeto. O projeto social dos trabalhadores /as, que são os fundadores e os gestores da solidariedade e da cooperação como projeto social, deve promover o desenvolvimento integral do ser humano, a conservação da natureza, a compaixão pela terra e pelo outro, a ética universal, o projeto do humanismo social.(ZART, 2004).
          Reforçar aqui a função da Universidade Pública é fundamental, penso que a importância de seu caráter público deve ser muito mais enfatizado, pois somente assim reafirmaremos o sentido mais profundo de Res-Publicum, coisa de todos, coisa do povo. E por ser de todos, deve dar respostas aos anseios também dos Povos do Campo, como forma de assumir assim sua responsabilidade social. Termo tão confundido ultimamente que reduz a ação da Universidade a atividades de pura Extensão. Lembremos do espaço do Ensino que deve contribuir para formar seres humanos, capazes de refletir criticamente tanto sobre a ciência e as técnicas que são incorporadas pela universidade quanto sobre sua relação e sentido na sociedade e no mundo, na perspectiva de um processo emancipatório que favoreça o ser humano e preserve o meio ambiente. Autoconhecimento e conhecimento do mundo social são dimensões importantes da formação para que o acadêmico seja capaz de tomar decisões conscientes como profissional e cidadão (GOERGEM, 2005).
Finalizo lembrando Pe. Vieira, para quem o discurso de quem não viu é só discurso, o discurso de quem viu é profecia. Vieira se referia a prática dos antigos sacerdotes e adivinhos em olhar a entranhas das vitimas dos sacrifícios a fim de prever o futuro. No processo da adivinhação, não se abria a sede do pensamento (cabeça) mas a sede dos sentimentos (coração). A prática pode ser supersticiosa, mas a lógica é verdadeira. Somente quem “viu” as “entranhas” das vitimas (crianças, jovens, homens e mulheres camponesas) sacrificadas pelo modelo injusto do sistema agrário brasileiro, esquecidos pelo poder público, e negligenciados até pela academia, pode “profetizar”o que espera a Educação em Movimento dos Povos do Campo.Um espaço de vida, respeito a natureza e cidadania. É o que juntos nos propomos a construir.
Finalizo lembrando Pe. Vieira, para quem o discurso de quem não viu é só discurso, o discurso de quem viu é profecia. Vieira se referia a prática dos antigos sacerdotes e adivinhos em olhar a entranhas das vitimas dos sacrifícios a fim de prever o futuro. No processo da adivinhação, não se abria a sede do pensamento (cabeça) mas a sede dos sentimentos (coração). A prática pode ser supersticiosa, mas a lógica é verdadeira. Somente quem “viu” as “entranhas” das vitimas (crianças, jovens, homens e mulheres camponesas) sacrificadas pelo modelo injusto do sistema agrário brasileiro, esquecidos pelo poder público, e negligenciados até pela academia, pode “profetizar”o que espera a Educação em Movimento dos Povos do Campo.Um espaço de vida, respeito a natureza e cidadania. É o que juntos nos propomos a construir.
Com a contribuição de vários com panheiros e companheiras, 
Hélio Márcio